Violão: de Villa-Lobos a Leo
Brouwer
Editora: Terceira Margem, CESA, São
Paulo, 2008
Autoria: Teresinha Prada
Finalizando
essa temática de Villa-Lobos como um nome que abriu caminhos para o violão na
música contemporânea, dou espaço agora para meu livro, publicado em 2008. O
livro é uma adaptação de minha dissertação de Mestrado defendida em 2001 na
Universidade de São Paulo, no programa interdisciplinar de Integração da
América Latina, na linha de Comunicação e Cultura.
Vimos nos
posts anteriores que autores consagrados na academia confirmam a obra de
Villa-Lobos como um preâmbulo a novas possibilidades do violão. Em meu livro, baseio-me
na maioria destes autores para estabelecer tal característica de Villa-Lobos,
porém caminho um pouco mais e encontro essa obra vanguardista refletida na
produção de Leo Brouwer.
Tal
reflexo não consiste só na vigência de um ambiente prévio de sonoridades
villalobianas possibilitando uma atmosfera propícia a Brouwer, mas também uma
entrega de “comando”, uma extensão, ou seja, de que após a estonteante
trajetória de Villa-Lobos, é em Leo Brouwer que vamos encontrar o frescor de
uma criação inovadora, deslocada de um lugar-comum no violão, assumindo a ponta
de conceitos técnicos e artísticos, modificando o meio musical do violão.
Logo na Introdução, defendo que:
Assim, em meu livro, ofereço um capítulo inicial de contexto histórico, embasado em estudos culturais interdisciplinares que já revisam a posição da América Latina frente a uma cultura de dominação; são pontos importantes que estabelecem a questão artística dentro de um panorama cultural politizado, de enfrentamentos de situações raramente tratadas em um livro da área musical, mas creio ser de importância para a melhor compreensão do que nos faz latino-americanos.
Falar de Villa-Lobos e
Leo Brouwer é falar da América Latina, do que ela tem de mais significativo: a
manifestação do novo, não como evolução, mas como acumulação. As teorias
culturais que explicam a América Latina, esse lugar da “contra-conquista”, como
disse Lezama-Lima, mostram o quanto somos cumulativos em nossa heterogeneidade
e é isso que nos aproxima em definitivo.
Assim, em meu livro, ofereço um capítulo inicial de contexto histórico, embasado em estudos culturais interdisciplinares que já revisam a posição da América Latina frente a uma cultura de dominação; são pontos importantes que estabelecem a questão artística dentro de um panorama cultural politizado, de enfrentamentos de situações raramente tratadas em um livro da área musical, mas creio ser de importância para a melhor compreensão do que nos faz latino-americanos.
No
capítulo seguinte, reitero muito do que já havia sido escrito sobre Villa-Lobos
e passo a fazer um levantamento das características de Brouwer ao encontro do
Novo, nesse seu repertório consubstancial, no que creio ter empreendido uma
hipótese, de que em comparação com seus contemporâneos, Leo Brouwer realiza uma
obra inovadora e em grande quantidade, perfazendo um material suficiente para
se equiparar ao montante de obras então ainda românticas atreladas ao meio
violonístico.
Para
aprofundar o estudo, do total da produção violonística de Villa-Lobos e Leo Brouwer,
abordei duas obras representativas de cada fase de suas carreiras (seis peças
de cada autor), porém citando algumas das músicas e ideias mais relevantes que
acompanharam esses momentos.
Foi
especialmente interessante em Brouwer estudar a história e a geopolítica de
Cuba, assunto ainda vivo devido aos inúmeros revezes da diplomacia
internacional. Seu posicionamento político e ideológico pró-revolução, suas
raízes holandesas e cubanas são fatos inerentes à sua obra, ao seu ofício, num
saldo que mistura e interage com mundos aparentemente díspares, mas que na
verdade transbordam de referências, de experiências, de multiplicidades, traços
característicos de um intelectual e artista cubano de primeira grandeza como
ele.
Os
rompantes da escrita moderna de Leo Brouwer já surgem nas suas primeiras obras,
aproximando-se de uma série de “incertezas”, oscilando entre nacional e
vanguarda, indefinindo tonalidades, na incompletude e mistura de formas, abrindo-se
a estilos, a referências de culto e de popular. Essa característica caminha
para ser um elo, um acordo com as sonoridades mais “atomizadas”, em fins dos
anos 60, entrando para o seleto meio experimental mais radical na década de 70.
No início dos anos 80, na volta a meios tradicionais da chamada Nova
Simplicidade, vamos encontrar um Brouwer ainda mais aberto, a tudo que ele
desejar fruir ou experimentar em suas obras.
Termino
meu livro retomando algumas características da criação em ambos compositores,
que considero como possíveis de comparação:
Nacionalismo, Vanguardas, Retorno,
Política e Violão.
A edição do livro está praticamente esgotada. Provavelmente pode ser encontrado em bibliotecas de universidades e centros musicais.
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